Emilia Ferreiro: conheça a história da mulher que revolucionou a educação infantil

Além de Jean Piaget, o importante pesquisador responsável pela teoria construtivista, existem muitos outros estudiosos e educadores que orientam as propostas pedagógicas usadas na Santi. Entre eles, a psicolinguista argentina Emilia Ferreiro se tornou uma das figuras mais influentes não só para a nossa escola, mas para a educação brasileira como um todo. No Blog de hoje, vamos conhecer a história, as ideias e a importância dessa incrível pesquisadora, que transformou, principalmente, os métodos utilizados por educadores do mundo inteiro na alfabetização de crianças.

Quem foi Emília Ferreiro?

Nascida em Buenos Aires, na Argentina, em 1936, Emilia Beatriz Maria Ferreiro Schavi é uma pesquisadora, escritora e psicóloga que buscou, sob as lentes da psicolinguística, compreender os mecanismos pelos quais as crianças aprendem a ler e a escrever. Emilia formou-se em Psicologia pela Universidade de Buenos Aires e doutorou-se na Suíça sob orientação de ninguém mais, ninguém menos do que o próprio Jean Piaget, seguindo a linha de pesquisa da Psicolinguística Genética. O contato com Piaget e suas ideias foi determinante para os estudos e para a percepção de Emilia acerca da educação e do desenvolvimento cognitivo infantil. 

Aos 35, voltou para a Universidade de Buenos Aires para participar de um grupo de pesquisas sobre a alfabetização, juntamente com outras importantes pesquisadoras da área, como Ana Maria Kaufman e Ana Teberosky, onde desenvolveu uma série de experimentos com crianças que deram origem aos estudos da Psicogênese da Língua Escrita. Em 1977, porém, Emília se exilou na Suíça por conta do Golpe de Estado que depôs a então presidente da República María Estela Martínez de Perón, conhecida como Isabelita Perón, instaurando uma ditadura civil-militar no país. Lá, passou a lecionar na Universidade de Genebra, onde iniciou, com a ajuda de Margarida Gómez Palacio, uma pesquisa sobre as dificuldades de aprendizagem das crianças de Monterrey, no México. Em 1979, Emilia Ferreiro se mudou para o México na companhia do marido e desde então vem publicando livros e realizando experiências na área da alfabetização, realizadas em diversos países da América do Latina, incluindo frequentes visitas ao Brasil.

Quais são suas ideias?

Assim como Jean Piaget, Emília também acredita que as crianças possuem um papel ativo e essencial em seu aprendizado, construindo o próprio conhecimento. Ambos propõe que escolas não devem focar exatamente no conteúdo, mas sim no sujeito que o aprende. Seguindo essas ideias, Emilia Ferreiro procurou observar os processos de construção da alfabetização e da linguagem escrita, tornando-se uma grande crítica da alfabetização tradicional. Segundo Emília, esta julga a prontidão das crianças da leitura e da escrita por meio de sua coordenação motora e de sua capacidade de decifrar sons e sinais, dando importância exacerbada para a questão exterior da escrita e relevando a compressão da organização alfabética e da devida compreensão de sua natureza. Emília acredita que a alfabetização é um caminho para se apropriar das funções sociais da escrita e todos os benefícios que ela pode proporcionar. Para ela, a função social da escrita deve ser desenvolvida com o uso de textos atuais, como de jornais e revistas, além de outros livros e histórias, criando um aprendizado significativo, palpável e mais enriquecedor.

Como essas ideias reverberam até hoje?

Emilia Ferreiro é, indiscutivelmente, um nome extremamente importante para a educação mundial, em especial na América Latina e principalmente no Brasil. A divulgação de seus livros no país causou um grande impacto sobre a concepção do processo de alfabetização, impactando inclusive em normas do governo para a área, tornando-se uma referência no país. Suas pesquisas na área da psicolinguística apresentaram uma série de contribuições para a elaboração de novos processos e para revolucionar a maneira como educadores desenvolvem o processo de aprendizagem da leitura e da escrita com seus alunos.

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