Por que continuar estimulando as crianças a escreverem à mão?

Com uma rotina tão tecnológica como a de hoje em dia, fica até difícil  imaginar como seria se o digital não existisse. Um mundo sem redes sociais, aplicativos de streaming, celulares, tablets, televisores, computadores, fones de ouvido e até relógios tecnológicos é quase inconcebível. 

Os avanços cada vez mais rápidos vão incluindo facilidades high tech em lugares que não eram automatizados antes; como robôs que varrem a casa, aplicativos que leem livros para você e fritadeiras automáticas. Um desses muitos lugares em que a tecnologia se embrenhou foram as escolas – e entre erros, acertos, desafios e muito aprendizado, conseguimos nos adaptar ao uso da tecnologia para lecionar.

Entretanto, independente dos inúmeros benefícios, recursos e facilidades que a tecnologia traz para a vida, devemos sempre lembrar que há processos importantes, aprendidos pelas crianças e jovens durante a trajetória escolar, que não devem ser ignorados. Um deles é a escrita à mão. 

Escrever à mão traz incontáveis benefícios: ao mesmo tempo em que se aperfeiçoa a coordenação motora das crianças e jovens, ao executarem o exercício de traçar letras que caibam no espaço e sejam legíveis, escrever  à mão também auxilia no desenvolvimento de habilidades cognitivas. 

Especialistas afirmam que esse tipo de exercício possibilita maior compreensão daquilo que está sendo escrito, além de sugerirem que escrever à mão ajuda no desenvolvimento de habilidades de leitura e até matemática. Acredita-se até que escrever à mão traz mais liberdade para o pensamento e maiores possibilidades criativas. “No mundo de hoje, muita coisa é digital. A escrita é uma prática milenar, que para além dos benefícios já citados, liberta as pessoas de estarem totalmente reféns da tecnologia. Sabemos que a internet falha, a luz falta e poder continuar escrevendo, registrando ideias e se comunicando é simplesmente incrível” , comenta a Coordenadora de série da Educação Infantil da Santi, Luana Marra. “Se não ensinarmos as próximas gerações a escreverem, tão logo, terão como exclusiva forma de comunicação o digital. É isso que realmente queremos?”

Não podemos esquecer que é também papel da escola formar alunos competentes digitalmente para usar as novas tecnologias da atualidade da melhor forma. O mundo, de forma geral, não seria o mesmo sem as facilidades tecnológicas. Mas, ainda assim, uma pesquisa da Universidade de Stavang aponta que, ao escrever e digitar, acionam-se e desenvolvem-se diferentes habilidades. A escrita digital pode ser mais rápida, automática e menos cansativa, e em alguns momentos até mais simples – digitar facilita muito a escrita, gramaticalmente falando, pelos sistemas de correção automática de ortografia e pontuação. No entanto, escrever de próprio punho aciona vários sentidos e exige muito mais esforço: traçar as diferentes letras exige um movimento muito mais amplo das mãos. Escrever diretamente no papel, sem o recurso tecnológico, também nos faz refletir muito mais sobre o ato de como escrever, especialmente para as crianças, que ainda estão aprendendo sobre a escrita, suas regularidades e regras.

Na Santi, mesmo com o recurso tecnológico, continuamos ensinando aos alunos os procedimentos de uso do caderno. Continuamos incentivando que escritas de registros pessoais e algumas produções/revisões de texto sejam realizadas com a velha dupla lápis e papel; especialmente pela sua importância no desenvolvimento dos pequenos. “Ao colocarmos nossos alunos para escrever, temos ponderado e diversificado a forma de fazê-lo. Ambas as escritas são benéficas – tudo depende da intenção pedagógica no momento.”, comenta a Coordenadora. “Não queremos, de forma alguma, formar alunos que apenas saibam usar os recursos de registros digitais e deixem de usar a ferramenta mais poderosa e delicada de qualquer ser humano: suas mãos”.

 

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