Dia 20 de novembro, o dia da Consciência Negra, é uma data fruto de uma luta intensa e diária do povo negro contra as desigualdades. É um dia que deve ser comemorado e reiterado oficialmente todos os anos para que lembremos que a escravidão vigorou durante muito tempo no Brasil até que de fato exista a reparação histórica e uma sociedade igualitária. E para que além desse dia, todos os dias sejam dias para reafirmarmos nosso posicionamento de repúdio contra a manutenção de sistemas racistas e de cultivarmos uma cultura antirracista.
Muitos de nós nos perguntamos: “Eu sou racista?” e, tomando como parâmetros os comportamentos e atitudes reconhecidos como racistas não é difícil chegarmos à conclusão de que não somos. No entanto, a questão deveria ser colocada já tendo em vista o racismo estrutural e a partir da própria branquitude. Assim, melhor seria nos perguntarmos: “Como posso fazer ruir o meu próprio racismo?” (Grada Kilomba). É assim que temos trazido propostas em nossa comunidade escolar: questionando nossas práticas e também problematizando uma versão única da História.
“A raça não é mãe do racismo, ela é filha dele”
(Lia Vainer, que realizou uma palestra virtual para a comunidade Santi).
Eventos históricos que são desencadeados a partir do colonialismo e do imperialismo têm sido apontados e trabalhados em nosso currículo, mas não só isso como também temos trazido uma série de conhecimentos que foram durante muito tempo invisibilizados por conta dos brancos ainda servirem como modelo em relação aos outros que não são brancos.
Desde a Educação Infantil até o Fundamental II, a literatura se faz presente diariamente na escola. Buscamos escolher uma variedade de livros de diferentes culturas, entre eles, livros que tenham personagens negras/os, assim como fazemos a escolha por artistas e pensadoras/es que apresentamos às crianças e adolescentes, sempre buscando a representatividade negra. No Fundamental I e II temos projetos e sequências que mostram tanto o problema da escravização quanto a importância da resistência para que fossem conquistados direitos.
Conhecer a própria história familiar e suas origens também é algo muito importante na Educação Infantil, enquanto a criança está diante da sua, conhece também a de seus colegas e daquelas e daqueles que estão ao seu redor. É um momento importante para conseguirmos olhar para a diversidade e aprofundar o debate sobre as origens de cada um/uma.
A branquitude não deve nem nunca deveria servir enquanto parâmetro social e isso tem sido combatido por nossa comunidade escolar por meio da formação de uma comissão antirracista, assim como, de propostas de ações que buscam mudanças para que não sigamos confortáveis em uma sociedade tão injusta.
Se Zumbi dos Palmares lutou pela libertação dos negros e negras do sistema escravista, já em 2020 nós todas e todos devemos fomentar o desenvolvimento de um posicionamento e de atitudes antirracistas em nossas ações pedagógicas e sociais, cotidianamente. O antirracismo é um dever de todos nós!