Depois de muito tempo se dedicando às atividades escolares, as férias chegam como um presente para as crianças, principalmente no contexto atual. É hora de desligar os despertadores, desligar-se da rotina de aulas on-line para enfim aproveitar esse tempo em casa para descansar, descobrir coisas novas, aproveitar a família e, claro, brincar muito, sem a pressão do dia a dia. Mas, além de um momento de diversão e de repouso para o próximo semestre, o período de férias também contribui de diversas formas para o desenvolvimento social, emocional, cognitivo e, por consequência, para o processo pedagógico das crianças.
Depois de 5 anos acompanhando de perto as rotinas de diversas escolas ao redor dos Estados Unidos, a Academia Norte-Americana de Pediatria (AAP) constatou que as férias são imprescindíveis para o aprendizado dos pequenos, ajudando a consolidar o conteúdo da sala de aula, aumentando a disposição para os próximos meses e facilitando a absorção de novos conteúdos e descobertas. De acordo com os pesquisadores, por mais que matérias e conceitos mais complexos e específicos de cada período possam ser esquecidos, o tempo ocioso e as brincadeiras tornam o conteúdo aprendido ao longo do semestre mais claro para as crianças. “Brincando, as crianças alimentam e expressam seu potencial criativo de forma espontânea”, explica Dami Cunha, diretora pedagógica da Santi. “Há aprendizagens que as crianças constroem enquanto brincam que não aprenderão em nenhuma outra situação da vida de forma tão significativa, livre e saudável”. Os processos cognitivos de uma criança continuam recebendo estímulos mesmo dentro de casa, por meio de atividades como a leitura, o sonho, a música, a dança, e o esporte, por exemplo. Assim, o subconsciente pode assimilar as descobertas e absorver tudo aquilo que foi trabalhado nesse período. Portanto, mesmo com dias mais ociosos, as férias também são um momento rico de aprendizado, e o descanso, o contato com a família e o lazer também são peças importantes para o convívio social e para o desempenho escolar. “Temos que proporcionar mais tempo para o ócio, para que elas possam expressar questões que são internas e não conteúdos externos”, conta a educadora e documentarista Renata Meirelles em entrevista ao Santi Informa. “A brincadeira é esse território de expressão de temas internos às crianças. É essencial que as elas possam testar coisas novas”.
Diante deste contexto delicado de distanciamento social pelo qual passamos, esse período se torna ainda mais relevante pois ajuda a aliviar a carga emocional das crianças, evitando irritabilidade e a ansiedade decorrentes do cansaço provocado por tantas novidades e desafios em um período tão curto de tempo. Permitir aos pequenos esse espaço de tempo livre e despreocupado para descontração é essencial para um desenvolvimento saudável, rico e divertido, aproveitando o que há de melhor nessa fase tão fascinante que é a infância. “A brincadeira é o momento de se expressar de maneira espontânea, sem roteiro definido e sem preocupação com conteúdos e métodos” aponta Adriana Cury, ex-diretora geral da Santi. “Nada mais gostoso, né? Me parece que nós, adultos, temos que aprender que brincar é fundamental”, finaliza.